terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

DURAS PEDRAS



Credito imagem: coracaodevasso.blogspot.com

Duras pedras

De um ofício pautado na solidão. Duras pedras...
Na solidão do estudo, na solidão da construção, na solidão das idéias... Para que isso gente?
Vivemos numa época onde o coletivo, a comunidade, a equipe, o conjunto viraram realidade na construção de qualquer ação. Será?
Vejam só: Para construir uma casa é necessário, criar um planta, aprovar projetos, fazer e refazer cálculos, contratar o pessoal do pesado e porque não os de mãos leves, sensíveis, inovadores, pensadores e tantos outros - Bom esse tipo de coletivo não acham? Tudo bem que cada um na sua área mas o produto final é a casa.
E os médicos! Esses sim, semi-deuses com poder da cura, da vida, da pesquisa, do conhecimento, da moral e da ética pela vida... Precisam de uma secretaria, de um assistente, de um farmacêutico, de uma enfermeira e observem; essas pessoas estão  envolvidas com o que? Com a vida. Isso também não é coletivo? Time? Equipe?
Bom, bom bom... Chegando no lugar que mais me afeta, vamos la.
Proximo da meia idade não consigo entender porque no teatro não podemos ter este pensamento coletivo. Seja pra construir um espetáculo, uma performance, uma cena, um monologo ou ate mesmo uma pesquisa, precisamos de gente... Gente que  preencha, gente que produza,  gente que escuta, gente que olha, gente que contribua para o crescimento da arte. Para quem? Para um coletivo de pessoas, o publico.
Teatro sem gente (pessoas) não é teatro. Teatro sem publico não é teatro... Um espaço com palco, cadeiras vazias, sem uma equipe técnica, sem o ator é simplesmente uma casa vazia.
Sinto que passamos ser engenheiros, porque fazemos teatros. Meros  construtores de um tipo de arte que não tem fim. Sabe aquelas lindas historias sem começo, meio e fim, que muitas  vezes mentimos e dizemos: Entendi tudo! Você estava ótimo!  Que bacana! Que legal, foi demais... Mais no fim do dia essa mesma historia não te acrescentou em nada. Historias vazias.
Ih! Sera que estamos  no mesmo lugar, daquele  médico que receita  remédios similares por se achar no  direito de semi-deus e enfiar goela abaixo receitas azuis, cheias de códigos para aliviar o cansaço do tal estress? Ou aquele engenheiro que tem um método de trabalho próprio colocando no meio da sua sala uma pilastra grega porque faz parte da estética do momento?

Cuidado (bonita esta palavra, não acham?)!!! Cuidado em nos colocar naquele lindo lugar de artistas intocáveis, presos na boba  intelectualidade, mascarando os  medos e as fraqueza e o pior,  chegar  a conclusão  que somos, nada.
Duras pedra meus caros. Construímos para encher nossos bolsos? Produzimos para a
alegrar as pessoas? Somos artistas para quem?
Para EU
Para TU
Para ELE ou ELA
Para NÓS
Para VÓS
Para ELES E ELAS

Ou para NINGUÉM?

Marcelo Oliveira
Evoé

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